As corridas de montanha nos últimos anos tiveram um
crescimento exponencial, sobretudo as distâncias superiores a 42km.
Caraterizam-se por desenrolarem-se em topografias desafiadoras e por vezes em
condições ambientais extremas.
Estas provas normalmente tem uma duração superior a 4 horas
em que os atletas muitas vezes tem de ser autossuficientes. O consumo de
energia durante a prova deve ser igual ou próximo do gasto calórico . Dispêndios
superiores a 350kcal/hora durante períodos prologados de exercício
(>6horas), resultam numa diminuição da performance. Este equilíbrio
energético deve ser satisfeito pela quantidades e número de refeições adequadas
à duração da prova.
Os atletas necessitam de consumir grandes quantidades de
glícidos (vulgarmente chamados de hidratos de carbono), para fornecer energia
ao músculo e ao sistema nervoso central, as recomendações para atletas
ultramaratonistas actualmente varia de 7-12g/ dia. Sendo a maior parte
proveniente dos glícidos complexos e de baixo índice glicémico (cereais
integrais, leguminosas, frutas e produtos hortícolas), todavia quando as
necessidades são elevadas é recomendado a utilização de suplementação (barras,
gel, bebidas, entre outros).
As necessidades proteícas estão aumentadas, devido á sua
oxidação durante o exercício prolongado. As necessidades diárias variam de 1,4
a 1,7g/kg ou seja um individuo de 70kg deve de ingerir entre as 98g e os 119g
diárias de proteína
Alem disso o esforço
prolongado irá resultar numa depleção das reservas de glicogénio, portanto, a
intervenção nutricional e o timing dos nutrientes são factores cruciais para a
manutenção do rendimento dos ultramaratonistas. As refeições pré competição
(3-4horas) devem de conter entre 200-300g de glícidos, devendo ser adaptada aos
hábitos de cada atleta. Estes devem também fazer um ciclo de supercompensação
de glicogénio nos dias que antecedem os eventos (10-12g/dia).
A refeição pós exercício deve ser consumida nos primeiros 30
min após o término da prova, devendo conter grandes quantidades de glícidos de
elevado índice glicémico para estimular a síntese do glicogénio assim como
proteína (ver revista Março de 2013)
Os líquidos e os eletrólitos são factores importantes para o
exercio de endurance. A perda de líquidos resulta numa diminuição do rendimento
desportivo. Os atletas devem saber qual a sua taxa de sudorese, para que a
ingestão seja próxima das perdas. As bebidas devem de conter glícidos (frutose
e/ou maltose e/ou glucose), e sódio (10-30mmol/litro), para melhor absorção e
prevenção da hiponatremia.
Os alimentos escolhidos devem de fornecer a quantidade de
energia e macro e micro nutrientes adequados, mas estes não devem de
sobrecarregar o atleta com excesso de peso. Bebidas desportivas, géis, barras
são suplementos convenientes para transportar e consumir durante as provas. Os
atletas devem praticar estratégias de alimentação individualizadas utilizando
uma combinação de alimentos integrais e de suplementos alimentares durante o
treino para estabelecer se eles são bem tolerados nas corridas.