As distâncias percorridas nas
provas de velocidade variam entre os 60m e os 400m. Esta disciplina está
dependente das vias anaeróbias lácticas e alácticas para produzir energia. A
corrida consiste num esforço máximo durante um curto período de tempo, sendo o
desempenho determinado pela capacidade de atingir a velocidade máxima limitando
a perda de potência durante a prova.
A disciplina exige grandes e
poderosos músculos, sendo predominantemente formados por fibras de contracção
rápida. A alimentação tem um papel fundamental a vários níveis:
·
Manutenção da energia necessária para o
treino/competição
·
Rápida recuperação entre treinos
·
Optimização das adaptações ao treino
· Aumento da massa muscular e manutenção do baixo
nível de massa gorda (rácio potência/peso)
·
Manutenção dos níveis de concentração exigidos
pelo treino/competição.
As adaptações são específicas da
modalidade, intensidade e duração do exercício. Estas são conseguidas através
da estimulação das fibras musculares, mas também podem ser afectadas por factores
nutricionais.
A síntese muscular ocorre após as
sessões de treino e não durante o período de treino. No pós treino o
catabolismo proteico (destruição muscular), diminui e acontece um aumento da Síntese
Muscular Proteica (SMP), até 48h depois do término do treino. Todavia, para
acelarar a SMP é necessário fornecer uma fonte exógena de Proteína de Alto
Valor Biológico (PAVB), constituída por aminoácidos essenciais que favorecem o
crescimento muscular. Estes aminoácidos têm um
efeito sobre as vias de sinalização relacionadas com a síntese de proteínas
musculares. O aa leucina é particularmente eficaz na estimulação e iniciação da
tradução de novas proteínas que formam os músculos.
Outra via associada ao estímulo
da SMP, é o aumento dos níveis de insulina resultantes da ingestão de glícidos.
Assim os glícidos desempenham um papel fundamental na síntese muscular bem como
na reposição das reservas de glicogénio muscular e hepático. Não só previne a
fadiga, mas também maximiza o processo adaptativo ao treino, logo a melhor
estratégia para estimular a fase anabólica é utilizar a combinação de glícidos
e proteínas no pós-treino.
De acordo com as recomendações
(ver tabela 1), os velocistas necessitariam de 1-2g de proteína/kg de peso
corporal, todavia, estes valores são muito inferiores aos realmente observados
em velocistas de elite. Uma vez que estes necessitam de ingerir uma elevada
quantidade de energia para suportar o aumento de massa muscular, claramente que
os valores de proteínas serão sempre superiores aos recomendados.
Glícidos
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Lípidos
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Proteína
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5-7 g/Kg/dia
|
1-1,5 g/Kg/dia
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1-2 g/Kg/dia
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Exemplo: atleta de 80 kg
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400g (5g/kg)
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80g (1g/kg)
|
210g (3g/Kg)
|
Num atleta saudável o consumo
excessivo de proteínas é improvável que seja prejudicial para a saúde. O único
efeito documentado sobre o excesso de consumo de proteína é a própria oxidação
deste macronutriente. Portanto, se existir uma justificação para o consumo proteico
ser superior ao recomendado, então não existe razão nenhuma para não o fazer.
As proteínas têm um elevado poder
saciante pelo que muitas vezes existe um risco destes atletas diminuírem o
aporte de glícidos. A restrição de glícidos pode comprometer a reposição das
reservas de glicogénio muscular e hepático, o que poderá afectar as adaptações
ao treino, assim como o rendimento desportivo.
Assim sendo, não é possível fazer uma recomendação para a
quantidade específica de proteína necessária para velocistas.
Todas as sugestões são baseadas
na presunção de que existe uma relação linear entre quantidade de proteína
consumida e aumento da síntese muscular proteica. Como foi descrito
anteriormente a resposta anabólica está dependente de outros factores, tais como:
treino, insulina, glícidos, aminoácidos. Logo, as adaptações ao treino dependem
do balanço energético positivo, do tipo de proteína, do timing da ingestão e
outros nutrientes coingeridos.
O balanço energético positivo é
mais importante do que a quantidade de energia ingerida para o ganho de massa
muscular. Por muita proteína que seja ingerida, se o balanço energético for
negativo não ocorre síntese muscular; quando o consumo energético é igual ao
gasto, os atletas irão ganhar massa muscular. Os pressupostos anteriores sugerem
que a resposta aguda do músculo ao exercício e nutrição representa o potencial
de ganho de força muscular a longo prazo.
Resumindo, os velocistas devem ingerir uma quantidade
de energia igual ao dispêndio calórico, recomenda-se uma ingestão de glícidos e
proteínas após o exercício para maximizar o balanço proteico e aumentar a massa
muscular. O efeito dos glícidos é aumentar os níveis de insulina para bloquear
a degradação proteica e aumentar a sua síntese. A proteína deve ser de alto
valor biológico e rica em aa de cadeia ramificada, mais propriamente em
leucina.