Actualmente os atletas
Quenianos e Etíopes detêm cerca de 90% dos records mundiais de todos os tempos
nas disciplinas de meio fundo e fundo, bem como o top 10 do ranking mundial.
Existem variadas explicações
para este sucesso: factores genéticos, economia de corrida, treino, condições
ambientais ou as práticas alimentares.
Mais de 80% destes altetas
são originários de duas tribos, a tribo Kalenji
que vivem no Quénia e a tribo Etiope originaria da Zona de Arsi. Ambas
situa-se a altitudes superiores a 2000m, vivem da pastorícia e os seus hábitos
alimentares pouco se alteraram desde o neolítico (9000ac).
Os regimes alimentares para
atletas de endurance recomendam que a ingestão energética diária deve ser igual
ao dispêndio. Estes regimes incluem:
·
6 a 10g/kg de peso corporal por dia de
glícidos, essencialmente para repor o glicogénio muscular e hepático
·
1,2 a 1,7g/kg/dia de proteína, indicação esta
superior ao recomendado para um homem adulto saudável, isto porque a taxa de
oxidação é muito maior durante o exercício e a necessidades para síntese e
reparação do tecido muscular também está aumentada.
·
As necessidades hídricas variam de acordo com
o treino e condições ambientais, o intervalo recomendado para atletas de
endurance é de 1 a 1,5 ml por cada caloria ingerida.
Os atletas de elite
africanos consomem diariamente 3000 a 3200kcal diárias, distribuídas pela
seguinte forma:
ü 65%-75%
de glícidos, o que corresponde a
441-545g/dia (8,1-9,7g/kg/dia),
ü 12%
de proteínas, o que equivale a 1,76g/kg/dia sendo 76% de origem vegetal
ü 23% lípidos
(83g/dia), garantindo um bom aporte das vitaminas lipossolúveis e ácidos gordos
essenciais.
O pequeno-almoço e lanches
consistem em leite, papas de cereais (cozidas com leite ou agua com adição de
mel ou açúcar), ovos e pão. As refeições principais (almoço e jantar): massa, arroz, leguminosas,
carne (apenas fornecida 2x/semana), vegetais e fruta. Cerca de 88% do total de
energia ingerida derivava de fontes vegetais. Apenas 10% dos atletas inquiridos
utilizam suplementos (glícidos, aminoácidos Bcaas e glutamina).
O total de água ingerida é
de 3200ml, 1750ml derivam da água e os restantes 950ml dos alimentos ingeridos.
É de salientar que estes atletas não fazem qualquer tipo de hidratação pré e
durante o exercício e apenas um pequeno número ingerem líquidos apos o treino.
A quantidade de agua ingerida diariamente é menor do que a recomendada. Os
atletas podem ingerir pouca água, no entanto, com os alimentos que ingerem
contem grandes quantidades de água as suas necessidade colmatadas.
Comparativamente às
recomendações para os atletas de endurance, os atletas de elite africanos
cumprem os intervalos recomendados com excepção da água ingerida.
Todavia comparativamente aos
atletas de elite ocidentais, existem
diferenças significativas no tipo de alimentos ingeridos. Os atletas africanos consomem
muito mais alimentos de origem vegetal (88%), garantindo um bom aporte de
vitaminas e minerais, que são essências para a recuperação e manutenção da performance.
A quantidade de gordura monoinsaturada e polinsaturada é superior, assim como a
quantidade de glícidos. Os atletas ocidentais consomem cerca de 50% de glícidos
da sua energia total ingerida o que é muito inferior aos atletas africanos. A
quantidade de proteína ingerida pela elite africana é muito similar aos atletas
de elite ocidentais, no entanto as suas fontes são completamente distintas.
Cerca de 76% da proteína ingerida deriva de fonte vegetal enquanto nos atletas
ocidentais a principal fonte é animal. O que traduz numa maior quantidade de
gordura saturada ingerida.
Os hábitos alimentares podem
ser ou não, a principal razão do sucesso dos atletas Quenianos e Etíopes. De
facto a sua dieta é diferente dos restantes atletas. Se estas diferenças podem justificar
o sucesso desta elite? São necessários mais estudos para responder a esta questão.