O objectivo do treino de atletas
é fornecer cargas que serão eficazes na melhoria do seu desempenho desportivo.
Durante este processo, os atletas passam por várias etapas ao longo da época
desportiva.
Treinar com sucesso envolve
sobrecarga, mas também, deve evitar-se combinação de sobrecargas excessiva com
recuperações inadequadas. O processo de cargas de treino elevadas é muitas
vezes utilizado pelos atletas, numa tentativa para melhorar o desempenho físico.
Como consequência, o atleta pode sentir fadiga e diminuição do desempenho, como
resultado de um período de treino ou sessão intensa.
A fadiga aguda resultante do
treino, pode ser seguida por uma adaptação positiva ou melhoria no desempenho, após
um período de descanso adequado sendo esta a base de periodização eficaz. No
entanto, se o equilíbrio entre a intensidade de treino e a recuperação adequada
é interrompido, pode ocorrer uma resposta anormal ao treino, o que poderá levar
ao desenvolvimento do estado de overreaching e consequente overtraining. Esta
situação poderá comprometer o princípio da sobrecarga.
Overreaching
|
Acumulação de
treino e/ou stress, resultando numa diminuição a curto prazo na capacidade de
treinar com ou sem sinais e sintomas de má adaptação fisiológica/psicológica,
em que a recuperação da performance pode levar alguns dias a várias semanas.
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Overtraining
|
Acumulação de
treino e/ou stress, resultando em diminuição a longo prazo da capacidade de
performance com ou sem sinais e sintomas de má adaptação fisiológica/psicológica
em que a recuperação da capacidade de treino pode levar várias semanas ou
meses.
|
Estas definições sugerem que a
diferença entre overtraining e overreaching é a quantidade de tempo necessário
para recuperação da performance. Todavia, esta definição implica haver uma
ausência completa de sinais psicológicos associados ás condições de
overreaching e overtrainig. Como é possível recuperar de um estado em 2 semanas, pode-se argumentar que essa
condição é uma fase relativa normal e inofensiva do processo de treino. No
entanto, os atletas que estão em “overtraining” podem levar meses ou até anos
para se recuperar completamente. A dificuldade reside na subtil diferença que
possa existir entre carga de treino excessiva (overreaching) e treino excessivo
Overtrainig.
Como o overtraining é causado por
uma acumulação de cargas de treino elevadas associado a recuperações limitadas,
pensa-se que a fadiga e diminuição da performance poderá estar associado a uma
diminuição das reservas de glicogénio muscular, com consequentes perturbações
do sistema endócrino (sistema hormonal). Em resultado da diminuição das
reservas de glicogénio ocorre uma elevação de hormonas catabólicas
(catecolaminas, cortisol, glucagon), e diminuição dos níveis de insulina. Estas
alterações hormonais irão resultar numa mudança de substrato energético. O
metabolismo energético começa a depender mais dos ácidos gordos, por diminuição
da insulina e aumento das hormonas catabólicas.
Cargas de treino intensas e a depleção
das reservas de glicogénio parecem estar relacionados ao desenvolvimento de
overtraining. Num grupo de atletas com cargas de treino entre os 16-21Km/dia
durante 7 dias e em que todos os treinos foram encarados como competições,
manteve-se a ingestão de hidratos de carbono constante (5,5g/kg/dia). Ocorreu
uma diminuição da performance desportiva ao longo da semana. Quando foi
aumentada a ingestão de hidratos de carbono para 8,5g/kg/dia as quebras no
rendimento desportivo foram muito menores e os sintomas de overreaching
diminuíram. A recuperação deste ciclo de treino foi também mais completa quando
ocorreu um aumento na ingestão de hidratos de carbono. Outro estudo incluiu um
grupo de ciclistas em dois períodos distintos, separados entre 2 semanas regenerativas.
No 1º período ingeriram cerca de 6,4g/kg/dia de hidratos de carbono e no 2º período
9,4g/kg/dia, distribuídos entre refeições e nos diferentes períodos de treino
(pré, durante e pós). Na primeira ocasião os atletas consumiram uma bebida com
hidratos diluídos a 2% antes, durante e pós treino. No segundo período de
treino, 6,4% de hidratos foram diluídos antes e durante e no pós-treino 20%.
Observou-se uma menor diminuição da performance, diminuição da alteração do
estado de humor e diminuição distúrbios hormonais nos indivíduos que fizeram
uma maior ingestão de hidratos de carbono. O que sugere, que o timing e
concentração dos hidratos podem beneficiar o processo de treino e diminuir o
risco de overreaching. Quando a carga de treino é elevada os atletas tendem a
diminuir a ingestão de hidratos carbono, o que resulta numa diminuição do
balanço energético durante estas periodizações.
Recomendações
de Hidratos de carbono de acordo com intensidade e duração do exercício
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Intensidade
|
Horas de
treino
|
Hidratos
de carbono
|
Baixa
|
|
3-5g/kg/dia
|
Moderada
|
1h/dia
|
5-7g/kg/dia
|
Baixa a
moderada/Endurance
|
1-3h/dia
|
6-10g/kg/dia
|
Moderada
a elevada
|
>4-5h/dia
|
8-12g/kg/dia
|
Além do balanço energético
negativo, também a desidratação crónica pode alterar o perfil endócrino dos atletas,
o aumentando o risco de overreaching e overtraining.
Assim, para reduzir os sintomas de overreaching e o desenvolvimento de
overtraining durante os períodos de carga de treino elevada, os atletas devem
de ser encorajados a aumentar a ingestão de líquidos, hidratos de carbono e
proteínas.
Recomendações de Ingestão proteica de acordo
com intensidade
|
|
Intensidade
|
Proteínas
|
Fraca
|
0,8-1 g/Kg/dia
|
Moderada/Elevada
|
1 -1,5 g/Kg/dia
|
Elevada
|
1,5 -2 g/Kg/dia
|
Um balanço energético equilibrado
deve ser constituído pelo aumento dos hidratos de carbono, no entanto, a
ingestão de proteínas (ver: revista de agosto de 2014) deve também de ser
adequada à carga de treino. O consumo insuficiente de proteína também poderá
resultar num risco de overtraining.
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