Os atletas podem estar susceptiveis
a doenças infecciosas do sistema respiratório, normalmente relacionadas com
carências nutricionais e/ou excesso de treino. Um mecanismo explicativo poderá estar
relacionado com o aumento da produção de espécies reactivas de oxigénio (stress
oxidativo) associado a uma diminuição da função imunológica.
Dietas de baixo teor
calórico (ingestão inferior ao gasto energético), baixo teor de gordura e de micronutrientes
(vitaminas e minerais), podem comprometer as reservas energéticas
intramusculares (glicogénio e gordura) e o sistema imunitário.
O exercício agudo e crónico
podem alterar o número de células do sistema imunitário durante 24 a 48 horas
após o treino. A monitorização do treino, a percepcão da fadiga, stress,
episódios de infecções, qualidade do sono, dores musculares são indicadores que
nos permitem avaliar o risco para o sistema imunitário.
O treino de grande
intensidade é muito mais exigente, devendo a ingestão calórica igualar ao dispêndio.
Carências nutricionais podem resultar na diminuição das reservas de glicogénio e
gordura, com consequente redução da performance desportiva. Dietas com
restrições inferiores a 20% de glícidos e 20% de gordura são insuficientes para
manter os depósitos intracelulares e assegurar a função imunológica.
A glicose tem um efeito
directo sobre o sistema imunitário. Especificamente, os baixos níveis de
glicémia associam-se ao aumento de moléculas pró inflamatórias e hormonas
catabólicas (cortisol, catecolaminas, entre outros).
O aumento do metabolismo
oxidativo pode incrementar a produção de radicais livres de oxigénio. A
suplementação com cofactores enzimáticos, tais como, ferro, zinco, cobre e
selénio, assim como vitaminas antioxidantes: vitamina C, vitamina E e vitamina
A, poderá ser benéfico no fortalecimento do sistema imunitário.
A suplementação com vitamina A (β-caroteno) deve ser 30mg/dia, enquanto que a suplementação com vitamina B12
é recomendado apenas para atletas com balanço energético negativo ou
vegetarianos. A ingestão de vitamina C deverá ser feita nas 3 semanas prévias á
competição, com uma dosagem de 1000mg/dia (doses maiores estão associadas a
efeitos negativos tais como: diarreias, dores articulares e pedras no rim). A dosagem
de 550mg/dia de vitamina E (α-Tocoferol), durante 50 dias, parece atenuar os
efeitos negativos do exercício sobre o sistema imunitário.
A ingestão de alimentos
ricos em zinco (marisco, carnes, cereais fortificados, iogurte) parece ser
suficiente para atletas sem défices nutricionais. A suplementação está indicada
apenas em atletas com défices energéticos negativos ou regimes vegetarianos aos
quais se recomenda a ingestão de 10-20mg/dia deste micronutriente.
A ingestão de ferro, selénio
e cobre deve ser satisfeita apenas com uma dieta equilibrada em alimentos ricos
destes minerais (ver artigo: Alimentação como parte integrante do processo de
treino). A sua suplementação apenas deverá ser realizada por recomendação
clinica, devido às consequências negativas da sua sobredosagem.
A ingestão de baixos níveis
de gordura está associada a uma diminuição do aporte de ácidos gordos
essenciais (ómega 3), que tem um efeito anti inflamatório. Recomenda-se a sua
suplementação, embora ainda não se conheça a curva de dose-resposta para os
atletas.
Um desequilíbrio proteico
negativo (balanço nitrogenado negativo), resulta na diminuição da resposta do
sistema imunitário. Atletas em overtraining devem fazer a suplementação com
proteínas durante 2-3 semanas.
Os atletas devem manter uma
alimentação equilibrada, sendo a quantidade de calorias ingerida igual às
dispendidas. As quantidades devem ser distribuídas de uma forma proporcional entre
os macronutrientes (proteínas, glícidos e lípidos) e micronutrientes (vitaminas
e minerais).
O comprometimento de
qualquer um destes elementos pode associar-se a uma diminuição do desempenho
físico bem como da expressão do sistema imunitário, contribuindo para o risco de
infecções.