O treino em altitude é
utilizado como forma de aumentar e potenciar o rendimento desportivo em
atividades que utilizem as capacidades anaeróbias e aeróbias.
Estas adaptações resultam da
exposição prolongada em ambiente de baixa concentração de oxigénio. À medida
que subimos ocorre um declínio progressivo de oxigénio, a partir dos 3000m a
saturação de oxigénio (SaO2), diminui de 95% para 92% e a pressão do oxigénio
(PIO2), diminui de 159mmHg para 110mmHg. Em altitudes superiores a 5000 metros
a curva de saturação é inferior a 80% e a PIO2 de 85mmHg.
Estas modificações resultam
numa perturbação da homeostase de repouso, causando ajuste fisiológicos e
metabólicos essenciais para assegurar a oxigenação adequada dos tecidos em
resposta ao stress imposto pela hipoxia.
Durante o exercício em
altitude as intensidades de treino são maiores comparativamente às realizadas a
altitudes ao nível do mar. Por exemplo, um treino a uma intensidade de 50%
VO2max (nível do mar), é totalmente diferente a 2400m. O VO2 máx diminui
progressivamente com a altitude, a cada 300m após os 1500m de altitude a
capacidade funcional (VO2máx), diminui 3%. Como resultado uma carga de treino
semelhante ao nível do mar vai representar uma maior intensidade do exercício
comparativamente á realizada em altitude. Todavia, esta alteração das
intensidades vai refletir-se no tipo de substrato utilizado durante as sessões.
A dependência do glicogénio muscular é muito maior do que as gorduras e
proteínas, logo, as necessidades de glícidos durante os estágios em altitude
são muito maiores, mesmo após a aclimatização (21 dias).
Outra alteração que coincide
com a exposição à altitude é a diminuição do peso corporal, este facto deve-se
ao aumento do metabolismo basal, perda de fluidos e à diminuição do apetite.
Esta triada resulta num défice calórico com perdas significativas no
compartimento da massa isenta de gordura (MIG), ou seja, tecido muscular, total
de agua corporal e tecido ósseo. Existe também perdas de massa gorda, no
entanto, a MIG explica cerca de 60-70% da diminuição do peso corporal, comprometendo
a capacidade física, força muscular, performance desportiva, sistema imunitário
e aumenta o risco da doença da altitude.
Os principais objetivos da
intervenção nutricional são: fornecer a energia igual ao gasto calórico e suprir
as necessidades hídricas. Os atletas devem consumir mais de 60% da sua ingestão
em alimentos ricos em glícidos. Devido á falta de apetite podemos aumentar o
consumo de glícidos através de bebidas, barras e sumos naturais. Se ainda assim,
não forem supridas as necessidades nutricionais, poderá ser necessário recorrer
à suplementação. Em altitude os atletas devem ingerir entre 3 a 5 litros de água
por dia; estes valores resultam do somatório da água ingerida e da contida nos
alimentos. A norma proteica para a exposição á altitude é de 1,7-2 g/Kg/ dia,
privilegiando as proteínas de alto valor biológico, sendo também, recomendado a
utilização de aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs). As recomendações para
os lípidos são de 1-1,2g/kg/dia, sendo uma maneira fácil de alcançar as
necessidades energéticas diárias, isto porque, apresentam uma grande densidade
calórica em pequenos volumes. Deve-se privilegiar o consumo de produtos
hortofrutícolas de forma a aumentar a ingestão de minerais e vitaminas.
A permanência cronica em
altitudes elevadas resulta num conjunto de múltiplas adaptações que poderão
resultar numa diminuição da performance desportiva. O objectivo da intervenção
nutricional é diminuir os efeitos negativos subjacentes a este fenómeno (diminuição
do apetite, perda massa muscular e perdas hídricas), de modo a potenciar a
optimização com o treino em altitude.
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