A creatina (Cr) está presente nos alimentos ricos em proteinas
de alto valor biologico (carne, peixe e leite), mas também é sintetizada
endogenamente pelo fígado e rins, tendo como percursores os aminoácidos
arginina e glicina. É transportada plasmáticamente por uma proteína específica (X-Linked Creatine), mais de 90% da
creatina sérica destina-se ao músculo-esquelético. As sua concentrações no
musculo são de 130mmol/kg, cerca de 65% intracelular, sob a forma fosforilada (fosfocreatina (PCr)) e
os restantes 35% como creatina livre. Em situação de suplementação os valores
da concentração de creatina podem chegar aos 160 mmol/kg.
Na
fase de transição de repouso para exercício a fosfocreatina proporciona um fonte
rápida de energia para o músculo durante os primeiros segundos (6-8seg.).
O interesse
na suplementação com creatina no desporto surgiu em 1992 através investigador
Roger Harris, que demonstrou que a suplementação de 20g/dia de creatina
monohidratada resultou no aumento das concentrações de fosfocreatina entre
15-20% no músculo-esquelético. Pesquisas posteriores demonstraram resultados
semelhantes após uma sobrecarga de 20g/dia durante 6 dias seguidos de uma baixa
dosagem (3g/dia ou 2g/dia) durante 30 dias
Após
a suspensão da suplementação os valores baixam lentamente até aos niveis basais
(5-8 semanas). A quantidade intracelular varia de acordo com as características
dos indivíduos e os seus hábitos alimentares, por exemplo, regimes vegetarianos
têm níveis inferiores aos regimes omnívoros.
O
desempenho de actividades de alta intensidade e de curta duração estão
dependentes desta via metabólica. Com base nesta premissa, seria lógico que o aumento
das concentrações de fosfocreatina fosse proporcional ao aumento do rendimento
desportivo pelo prolongamento do aporte de energia anaeróbia aláctica. A
vantagem deste sistema é apresentar uma elevada taxa de produção de ATP em completa
ausência de oxigénio sem a produção de lactato, favorcendo também a diminuição
do pH, através da diminuição das concentrações de protões (H+), (ADP+PCr+H+
= ATP + Cr).
Estudos
iniciais demonstraram um aumento de 1 a 2 % na produção de energia em atletas
suplementados com creatina e sujeitos a esforços realizados durante 20-30seg. Outros
estudos também reportaram um aumento significativo 1,5kg da massa isenta de gordura
após a suplementação com creatina monohidratada durante 5-7 dias. Verificou-se
que esse efeito é maior no género masculino do que feminino e no compartimento
da água intracelular. Todavia, a suplementação associada ao treino de força
está relacionado com o aumento da massa muscular.
A
creatina e a fosfocreatina são convertidas em creatinina dentro das células,
sendo posteriormente excretada pela urina. Existe uma relação entre a creatinina
excretada (24h) e a massa muscular, por cada grama de creatinina excretada é
equivalente a 20 kg de massa muscular. No caso de suplementação, estes valores
poderão estar alterados. Estudos prospectivos demonstraram que a suplementação
com creatina não apresenta efeitos adversos sobre a função renal em indivíduos
saudáveis com regimes de suplementação protocolados.
Para
um atleta que deseje tomar creatina ou outro suplemento é importante considerar
3 factores:
1. A
suplementação utilizada na competição deve ser experimentada durante os treinos
para saber como o organismo reage.
2. Informar-se
junto da Autoridade Antidopagem de Portugal se alguns dos constituintes do
produto estão na lista de substâncias proibidas.
3. A
toma pode não resultar no efeito pretendido.
Resumindo,
a suplementação de creatina em actividades de
alta intensidade e de curta duração poderá ser benéfica, a evidência
sugere que a sobrecarga de creatina (5g 4x/ dia durante 4-5 dias ou 3g/dia
durante 30 dias), aumentará a taxa de produção de energia através desta via.
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