O óxido nítrico (NO), é uma molécula
de sinalização celular que tem a capacidade de regular o músculo-esquelético de
várias formas:1) regulação da pressão arterial, 2) homeostase do cálcio e
glicose, 3) respiração e biogénese mitocondrial.
Anteriormente pensava-se que o NO
derivava apenas da reacção catalizada pela oxido nitrico sintase (NOS), tendo
como precursor o aminoácido arginina, e que os metabolitos resultantes seriam, nitratos
(NO3- ) e nitritos (NO2-) seriam
produtos inertes e que não teriam qualquer tipo de actividade.
No entanto, estes metabolitos podem
ser reciclados e transformarem-se em óxido nítrico activo em condições
fisiológicas específicas. As reduções de NO3- a NO2-
e subsequente a NO ocorrem em condições de hipoxia no músculo, ou seja,
durante o exercício físico.
As concentrações musculares de NO3-
e NO2- podem estar aumentadas devido aos hábitos
alimentares. Os vegetais contem cerca de 60-80% do NO3- ingerido,
vários tipos de vegetais são ricos neste anião (ver tabela)
[NO3-]
mg/100g peso fresco
|
Vegetais
|
Muito
elevado > 250
|
Beterraba,
espinafres, alface, rúcula, aipo, agrião, salsa
|
Elevado 100-250
|
Aipo,
erva doce, alho francês, endívias, coentros
|
Médio
50-100
|
Couve,
nabo, funcho
|
Baixo
20-50
|
Brócolos,
cenouras, couve flor, abobora, pepino
|
Muito baixo <20
|
Espargos,
cebola, cogumelos, ervilhas, pimentos, babata, tomate, batata doce
|
A ingestão inorgânica de NO3-
é rapidamente absorvida e passa para a circulação sistémica aumento
rapidamente as concentrações séricas de NO2-, cerca de
60% dos nitratos são excretados pela urina e 25% entram através da circulação
salivar. Na boca as bactérias anaeróbias (NO3 redutases), reduzem o NO3-
a NO2- e por último em NO. Outras espécies
intermédias de NO são produzidas no suco gástrico, todavia parte do NO2-
absorvido resulta num aumento das suas concentrações séricas 2-3 horas após a sua suplementação com NO3-.
A reacção final de NO2- para NO é potenciada em ambientes
de hipoxia e ácidos, ou seja, o ambiente que ocorre durante a realização do
exercício (ver figura).
Estudos recentes evidenciam que o
aumento da concentração plasmática de NO2- está associado
a uma melhor eficiência muscular, traduzindo-se no aumento da resistência à
fadiga e logo, na manutenção da performance por mais tempo.
Estudos iniciais utilizaram nitrato
de sódio (NO3-Na) para aumentar as concentrações de NO2-,
todavia, a suplementação com este produto parece estar relacionado com a
incidência e prevalecia do cancro gástrico.
Grande parte dos solos estão
contaminados com nitratos utilizados durante o cultivo, pelo que o Comité
Olímpico Internacional recomenda apenas a utilização de sumo de beterraba, que
contem as mesmas quantidade de NO3- , sendo ingerido de
uma forma mais natural. Todos os estudos apresentados têm como base 500ml de
sumo de beterraba.
Os relatórios dos estudos
demonstraram que a suplementação com NO3- reduziram o
gasto de oxigénio para a mesma intensidade de exercício, todavia, não ocorreram
alterações nas concentrações de lactato, frequência cardica e frequência
respiratória. A duração dos vários protocolos varia entre 3 e 15 dias; em todos
eles o seu benefício mantem-se de igual modo. A suplementação de NO3-
aumentou a tolerância ao esforço de 16% em ciclistas, 25% em exercício de
força (extensão da perna) e 15% na corrida em tapete. Em atletas de elite estes
resultados não foram significativos, apenas aumentou 2% na performance, no
entanto, ocorreu uma redução de 4% do Vo2 para a mesma intensidade de esforço.
É possível que o benefício dependa do status do atleta, exercício, modalidade
ou tipos de treino.
A dose da suplementação deve ser de
0,1-0,2mmol/kg (6,2-12,4mg/kg), o que resulta num aumento da concentração
plasmática 2 a 3 horas apos a ingestão. Recomenda-se a utilização de 500 ml de
sumo de beterraba que contem aproximadamente 5-6mmol de NO3-.
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