A
maratona, assim como todas as disciplinas de fundo, depende do metabolismo
aeróbio. Os principais substractos utilizados são as gorduras (tecido adiposo,
triglicéridos intramusculares) e o glicogénio (plasmático, hepático e
muscular). A maior utilização de cada um deles depende da intensidade a que é
realizada a prova. Atletas de top mundial efectuam a maratona entre os 80-90%
Vo2 máx., elite 70-75% Vo2máx., e os atletas de pelotão entre os 60-65%Vo2máx.
As
necessidades energéticas totais necessárias para um homem de 70kg realizar uma
maratona são de 2953 Kcal (1kcal/Km/Kg). Supondo que este era constituído por
10% de massa gorda (63000kcal) e as suas reservas de glicogénio plasmático (20
kcal), hepático (350-650 Kcal) e muscular (1250-2270 Kcal), a sua energia daria
para percorrer 942 km. Todavia, o funcionamento do sistema aeróbio está
dependente das reservas de glicogénio que no seu somatório apenas consegue
armazenar entre 1620 e 2940 kcal, logo são insuficientes para percorrer a
distância da maratona.
Os
atletas de top mundial realizam esta distância a uma intensidade de 80-90% do
Vo2 máx., sendo que mais de 2/3 da energia dispendida é resultante da
metabolização do glicogénio.
Uma
das várias adaptações ao treino de fundo é o aumento da capacidade de oxidação
de gordura pelo aumento da densidade capilar e mitocondrial, no entanto, ao
ritmo em que são realizadas as provas (muito próximas do limiar anaeróbio), o
principal substrato utilizado é o glicogénio.
O
‘’Muro” expressão muitas vezes utilizada pelos atletas, corresponde á depleção
das reservas de glicogénio muscular e subsequente hipoglicémia, resultando na
diminuição do ritmo de corrida.
As
reservas apenas permitem manter o ritmo (>70%Vo2 máx.), durante 25-35 km, sendo
necessário recorrer á suplementação exógena de glícidos.
As
recomenda-se a ingestão entre os 30-60g de glícidos por hora de prova. O mais aconselhado
são as bebidas desportivas diluídas entre 6-8%. No entanto, a utilização de
bebidas diluídas implica que para ingerir 60g de glícidos o atleta tenha de
consumir 0,75-1 litro dessa bebida/hora. Pelo que, é aconselhado bebidas mais
concentradas, nomeadamente os géis, cujo os conteúdos podem variar entre as
17-60g/embalagem. Estas elevadas concentrações poderão causar alguns distúrbios
gastro intestinais, sendo indicada a sua habituação durante os treinos. Exemplo
para um atleta com objectivo de 3h00min00seg na maratona:
5 Km
|
21min15seg
|
200ml bebida
desportiva
|
16,4 g
|
10 Km
|
42min30seg
|
Gel
|
17,0 g
|
15 Km
|
1h03min45seg
|
200ml
bebida desportiva
|
16,4 g
|
20 Km
|
1h25min00seg
|
Gel
|
17,0 g
|
25 Km
|
1h46min15seg
|
200ml
bebida desportiva
|
16,4 g
|
30 Km
|
2h07min30seg
|
Gel
|
17,0 g
|
35 Km
|
2h28min45seg
|
200ml
bebida desportiva
|
16,4 g
|
40 Km
|
2h50min40seg
|
Gel
|
17,0 g
|
Este protocolo fornece aproximadamente
134g de glícidos o que corresponde a 44,5g/hora, proporcionando 534,4Kcal ao
metabolismo do glicogénio, assegurando a manutenção do ritmo de corrida.
Obviamente
que o desempenho na maratona depende de vários factores, tais como: o treino,
aptidão física e psicológica, genética e dedicação para suportar o grandes
volumes de treino. Uma programação do aporte de nutrientes pode facilitar o
sucesso na maratona. O atleta Haile Gebrselassie tem nos seus registos uma
maratona realizada com o tempo de 2h06min35seg apenas recorrendo a água,
todavia em 2008 quando bateu o record do mundo com 2h03min59seg ingeriu cerca
de 60-70g de glícidos/hora.
Imaginando um duatlo da taça de portugal (5-15-2,5), quais serião as necessidades energéticas e o que devemos consumir no decorrer da prova?
ResponderEliminarAndré Duarte