A suplementação com bicarbonato
de sódio é usada em actividades que estão dependentes da via glicolítica
anaeróbia, ou seja, a energia produzida efectua-se em ausência de oxigénio.
Esta via tem uma taxa de produção muito rápida, no entanto ocorre um aumento da
concentração de lactato e hidrogeniões (H+), causando uma acidose
metabólica e consequentemente uma diminuição da performance desportiva.
O bicarbonato de sódio tem a
função de controlar o ph do organismo (sistema tampão). Em condições basais o
pH arterial é de 7,4, valores superiores designam-se por alcalose e inferiores
em acidose.
A suplementação com o bicarbonato
de sódio resulta num aumento do pH (alcalose), retardando assim a fadiga
muscular causada pela acidose metabólica (diminuição do pH) e aumentando o rendimento
desportivo. Após a sua absorção do bicarbonato de sódio (NaHCO3),
ocorre o aumento das concentrações plasmáticas de bicarbonato (HCO3-).
NaHCO3↔Na + HCO3-
Durante a realização do exercício
anaeróbio o piruvato é transformado em lactato através da enzima lactato
desidrogenase com libertação de hidrogeniões (H+). A acidose
metabólica não é causada pelo lactato mas sim pelo aumento da produção de H+.
Os H+ produzidos
reagem com o bicarbonato formando ácido carbónico (H2CO3),
este dissocia-se em dióxido de carbono (CO2) e agua (H2O)
que posteriormente são eliminados pelo sistema respiratório.
HCO3+ H+↔H2CO3 / H2CO3
↔ CO2 + H2O
A desvantagem da sua
suplementação está relacionada com a possibilidade de ocorrência de problemas
gastro intestinais, nomeadamente, náuseas, dores de estomago, diarreia, vómitos,
entre outros. O protocolo de suplementação deve ter em conta o período de ingestão,
o volume de líquido coingerido e a apresentação do suplemento (capsula ou pó),
de modo que a disponibilidade do NaHCO3 coincida com o aumento da
concentração de HCO3 e pH, e, com concomitante menor incidência de problemas
gastro intestinais.
A suplementação protocolada tem
início entre os 120-150 min prévios ao evento, a sua toma deve realizar-se num
período de 30 minutos, a quantidade de NaHCO3 deve ser de 0,3g/kg de
peso corporal sob a forma de capsula, co ingerida com 7ml de agua /kg de peso
corporal e com 1,5g de glícidos/Kg de peso corporal. Este de protocolo resulta
num aumento do pH (alcalose), incremento da concentração de HCO3- e
diminuição da ocorrência de problemas gastro intestinais.
Exemplo de um protocolo para um
atleta de 70kg na disciplina dos 800m:
21g de NaHCO3 + 490 ml de agua + 105g
de glícidos
0 min => ≈ 160ml de agua + 7g de NaHCO3
+ barra energética (60g de glícidos)
15 min => ≈ 160ml de agua + 7g de NaHCO3
+ banana (45g de glícidos)
30 min => ≈ 160ml de agua + 7g de NaHCO3
120 ↔ 150min => Prova
Casualmente os atletas têm por hábito
utilizar nos treinos os chamados inibidores de lactato com o objectivo de
diminuir a fadiga e assim aumentar o rendimento durante o treino. No entanto, o
único resultado real é o aumento do pH sanguíneo. Esta prática não é
recomendada uma vez que o objectivo do treino é causar uma acidose metabólica
para que o atleta se adapte e até melhore a resposta do organismo às elevadas concentrações
de H+. A constante utilização destes inibidores poderá comprometer a
adaptação ao treino, a sua utilização deve ser exclusiva no período
competitivo.