sábado, 7 de dezembro de 2013

Métodos e técnicas de avaliação da composição corporal em Pediatria

A avaliação da composição corporal em idades pediátricas tem vindo a ganhar importância e reconhecimento. Durante a infância até à idade adulta ocorrem alterações internas e externas no organismo; as alterações externas podem ser avaliadas através da altura, peso e estadios pubertários. No entanto, as alterações internas requerem avaliações especializadas.


A avaliação da composição corporal em crianças e adolescentes é diferente dos adultos, em que os métodos requerem uma maior cooperação por parte do avaliado .Comparativamente aos adultos, durante as idades pediátricas existe uma grande variação na composição corporal, atribuída às diferentes fases de crescimento. Desde a infância à adolescência, durante o processo de crescimento ocorre, por exemplo, redução do TAC e aumento massa isenta de gordura (minerais e proteínas).

Existem dois tipos de metodologias utilizadas na avaliação da composição corporal na pediatria: os métodos de campo e os métodos de investigação.

Os métodos de campo caracterizam-se por serem não invasivos e de baixo custo, mas não são suficientemente precisos na avaliação dos indivíduos ou na monitorização de pequenas mudanças na composição corporal. Exemplos destes métodos são a hidrodensitometria, a pletismografia por deslocação de ar ou as equações derivadas das pregas cutâneas. Os métodos utilizados em investigação são invasivos, de grande custo, mas com grande precisão nas suas medições. Alguns destes métodos têm a desvantagem de recorrerem ao uso de radiação.

O nível II ou Molecular divide o peso corporal em MG e MIG, e assume que a densidade e hidratação da MIG são constantes nos adultos. Não obstante, nas crianças e adolescentes esses valores variam com a idade. O modelo mais adequado para a análise da composição corporal em ambiente de investigação é o modelo sistema de tecidos, que permite descrever o crescimento da MG e dos componentes da MIG (água, proteína e minerais) ao longo das diferentes fases de crescimento. Na avaliação da composição corporal em pediatria é necessário adicionar outros componentes a este modelo:

Mct=MG+MIG (Água+Proteína+Glicogénio+Mineral Ósseo+ Mineral Extra Ósseo).

O TAC é avaliado através da diluição de óxido de deutério; a proteína é determinada pelo TKC; e a água (intracelular e extracelular) é calculada através da estimativa do TAC e do TKC. O mineral não ósseo é obtido considerando que existe 9,4g de mineral por quilograma na água extracelular, e 9g na água intracelular. A proteína é determinada assumindo que em cada milimole de potássio existem 461mg de nitrogénio e que 16% das proteínas são constituídas por nitrogénio. O conteúdo mineral ósseo é obtido através da DEXA. Considera-se que o glicogénio constitui 0,45% do peso corporal.


Referências Bibliográficas
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  • Siri WE, The gross compositions of the body. Adv Biol Med Phys. 1956;4:239-80.

2 comentários:

  1. Marco, tens conhecimento de algum protocolo de pregas cutâneas para crianças?
    Tenho acompanhado com o uso da somatória das pregas.

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  2. Olá Jales, as equações apresentem melhores resultados são as eq. De Slaughter.
    http://www.fmh.utl.pt/agon/cpfmh/docs/documentos/recursos/119/Equacoes%20Criancas%20e%20Jovens%202013.pdf

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