quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Suplementação com Bicarbonato de Sódio

A suplementação com bicarbonato de sódio é usada em actividades que estão dependentes da via glicolítica anaeróbia, ou seja, a energia produzida efectua-se em ausência de oxigénio. Esta via tem uma taxa de produção muito rápida, no entanto ocorre um aumento da concentração de lactato e hidrogeniões (H+), causando uma acidose metabólica e consequentemente uma diminuição da performance desportiva.

O bicarbonato de sódio tem a função de controlar o ph do organismo (sistema tampão). Em condições basais o pH arterial é de 7,4, valores superiores designam-se por alcalose e inferiores em acidose.
A suplementação com o bicarbonato de sódio resulta num aumento do pH (alcalose), retardando assim a fadiga muscular causada pela acidose metabólica (diminuição do pH) e aumentando o rendimento desportivo. Após a sua absorção do bicarbonato de sódio (NaHCO3), ocorre o aumento das concentrações plasmáticas de bicarbonato (HCO3-).

NaHCO3↔Na + HCO3-

Durante a realização do exercício anaeróbio o piruvato é transformado em lactato através da enzima lactato desidrogenase com libertação de hidrogeniões (H+). A acidose metabólica não é causada pelo lactato mas sim pelo aumento da produção de H+.
Os H+ produzidos reagem com o bicarbonato formando ácido carbónico (H2CO3), este dissocia-se em dióxido de carbono (CO2) e agua (H2O) que posteriormente são eliminados pelo sistema respiratório.
HCO3+ H+↔H2CO3   /   H2CO3 ↔ CO2 + H2O

A desvantagem da sua suplementação está relacionada com a possibilidade de ocorrência de problemas gastro intestinais, nomeadamente,  náuseas, dores de estomago, diarreia, vómitos, entre outros. O protocolo de suplementação deve ter em conta o período de ingestão, o volume de líquido coingerido e a apresentação do suplemento (capsula ou pó), de modo que a disponibilidade do NaHCO3 coincida com o aumento da concentração de HCO3 e pH, e, com concomitante menor incidência de problemas gastro intestinais.

A suplementação protocolada tem início entre os 120-150 min prévios ao evento, a sua toma deve realizar-se num período de 30 minutos, a quantidade de NaHCO3 deve ser de 0,3g/kg de peso corporal sob a forma de capsula, co ingerida com 7ml de agua /kg de peso corporal e com 1,5g de glícidos/Kg de peso corporal. Este de protocolo resulta num aumento do pH (alcalose), incremento da concentração de HCO3- e diminuição da ocorrência de problemas gastro intestinais.
Exemplo de um protocolo para um atleta de 70kg na disciplina dos 800m:

21g de NaHCO3 + 490 ml de agua + 105g de glícidos
0 min => 160ml de agua + 7g de NaHCO3 + barra energética (60g de glícidos)
15 min => 160ml de agua + 7g de NaHCO3 + banana (45g de glícidos)
30 min => 160ml de agua + 7g de NaHCO3
120 ↔ 150min => Prova


Casualmente os atletas têm por hábito utilizar nos treinos os chamados inibidores de lactato com o objectivo de diminuir a fadiga e assim aumentar o rendimento durante o treino. No entanto, o único resultado real é o aumento do pH sanguíneo. Esta prática não é recomendada uma vez que o objectivo do treino é causar uma acidose metabólica para que o atleta se adapte e até melhore a resposta do organismo às elevadas concentrações de H+. A constante utilização destes inibidores poderá comprometer a adaptação ao treino, a sua utilização deve ser exclusiva no período competitivo.

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