domingo, 2 de dezembro de 2012

Suplementação - Estado da Arte


O uso de suplementação é uma prática muito comum entre os atletas amadores e profissionais. A sua utilização é cada vez mais generalizada, quer porque o colega de treino recomendou, porque viu spot publicitário, ou porque a loja ‘’x’’ aconselhou, etc…
A suplementação no desporto deverá tem objectivo, melhorar a capacidade de realizar exercício ou favorecer os processos de recuperação (efeito ergogénico). Mas será que toda a suplementação apresenta o efeito ergogénico pretendido? Com base nesta premissa a Sociedade Internacional de Nutrição no Desporto (SIND), proferiu um parecer no qual pretendeu demonstrar qual ou quais os suplementos que efectivamente demonstraram ter o efeito ergogénico.
A SIND efectuou uma revisão de literatura exaustiva para cada um dos suplementos, avaliando criteriosamente cada artigo, respondendo ás seguintes questões:
As investigações foram realizadas em animais/populações, ou em atletas/indivíduos treinados?

  • Que tipo de controlo existiu no estudo? Placebo, duplo cego, ensaio clínico randomizado?
  • Os resultados foram significativamente estatísticos? Ou são reivindicações sobre os não resultados? ou são tendenciosos?
  • Os resultados obtidos correspondem às afirmações feitas sobre o produto?   
  • Os resultados foram apresentados em reuniões científicas?
  • As conclusões da investigação foram replicadas em laboratórios diferentes?

Com base neste critério os suplementos foram categorizados de acordo com a evidênciacientifica:
Categoria I – ‘’Aparentemente Eficaz’’ suplementos que demonstraram efectivamente o seu efeito ergogénico.
Categoria II – ‘’Possivelmente Eficaz’’ suplementos com estudos iniciais que apoiam a fundamentação teórica, mas são necessárias mais estudos para determinar o seu modo de acção no desempenho do atleta.
Categoria III  - ‘’Muito cedo’’ produtos em que ainda não existe pesquisas suficiente para apoiar a sua utilização.
Categoria IV – ‘’Aparentemente Ineficaz’’ – suplementos que carecem de uma fundamentação cientifica sólida, em que os estudos demonstraram claramente ineficácia na sua utilização.

Os suplementos podem ser apresentados de diversas formas: barras, gel, liquido, pó, cápsula, comprimido, pastilha, etc. Podem conter vários nutrientes: glícidos, proteínas, lipidos, vitaminas, minerais, enzimas, intermediários metabólicos (aminoácidos) e/ouextractos de plantas. São apresentados no mercado de acordo com efeito ergogénico pretendido: fornecedor de nutrientes, aumento de massa muscular, perda de peso e/ouaumento da performance.
A tabela 1 apresenta os suplementos de acordo com a sua categoria e efeito ergogénico pretendido.
CATEGORIA
Aumento de Massa Muscular
Perda de Peso
Aumento da Performance
Aparentemente Eficaz
- Creatina Monohidratada
- Proteínas
-Aminoácidos Essenciais (EEA)
- Termogénicos- muitos destes compostos poderão conter efedrina, substancia proibida(classe S5) pela Autoridade Antidopagem de Portugal.
-Agua, bebidas iso e hipotónicas
- Glícidos
- Creatina
Cafeína
- Fosfato de sódio
- Sódio
- Bicarbonato
Possivelmente Eficaz
-Hidroxi-Metil-Butirato (HMB)
- Aminoácidos de Cadeia Ramificada (BCAA)
-
- Fibras
- Cálcio
- Extracto de chá verde
- Ácidos Linoleico Conjugado (CLA)
- EAA
- BCAA
- HMB
- Glicerol
Muito Cedo
- α Cetoglutarato
- α Isocaproato
- Aspartado de Zinco/magnésio
DHEA- precursos da testosterona poderão ser considerados  substancia proibida (classe S1) pela Autoridade Antidopagem de Portugal.
- Ácidos Gordos de Cadeia Média

Aparentemente Ineficaz
- Glutamina
- Isoflavonas
- Ácidos Linoleico Conjugado (CLA)
- Tribulus Terrestris
- L Carnitina
Diuréticos- substancia proibida(classe S5) pela Autoridade Antidopagem de Portugal
- Glutamina
- Ribose


A suplementação desempenha um papel importante no processo de treino do atleta. No entanto, deve ser visto como suplemento á sua dieta e não um substituto. A base de qualquer plano nutricional deve ser uma dieta equilibrada em macronutrientes, vitaminas e minerais adequada às necessidades da modalidadeSe a ingestão alimentar não é suficiente, então, deve-se utilizar os suplementos da categoria I, se necessário, poderá utilizar os suplementos da categoria II, sabendo que os resultados obtidos poderão não ser os esperados; osuplementos de categoria III não são aconselhados, teoricamente apresentam benefício, uma vez que o seu benefício ainda não foi demonstrado experimentalmente; os suplementos de categoria IV não deverão ser utilizados porque os estudos demonstraram ausência de beneficio.


  • Kreider BR, et al. ISSN exercise & sport nutrition review: research & recommendations. Journal of the International Society of Sports Nutrition; 2010, 7:7

4 comentários:

  1. Marco, tenho feito alguma pesquisa sobre estes assuntos. Queria deixar uma nota sobre o glicerol: descobri que nos USA é uma substância proibida, não percebi se a razão é mesmo de ser um indutor de performance ou, como também vi, eventual potenciador de desidratação, caso não seja acompanhado de uma toma de água abundante. Encontro referido como substância eficaz em muitos estudos e sites sobre ciclismo. Pelo que percebi e mediante o facto que apresentei acima, a indústria da suplementação «aboliu» o glicerol do mercado, quase por completo.
    Podes esclarecer um pouco mais?

    Abraço
    Paulo Sousa

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    1. Olá Paulo, para ser sincero não tenho muito conhecimento sobre a suplementação com glicerol. No entanto sei que o glicerol é um álcool que deriva da degradação de dos triglicerídeos, ou seja, uma molecula de triglicéridos é constituida por um glicerol e 3 ácidos gordos. durante o exercício estes ácidos gordos são degradados na mitocôndria pela B-oxidação, o glicerol resultante é transformado em gliceraldeido-3-fosfato e entra na via glicolitica no citoplasma das células.
      O seu efeito ergogénico poderá estar relacionado com a sua transformação em hidrato de carbono para entrar na via glicolitica. Por outra palavras é uma forma de rentabilizar os hidratos de carbono uma vez que a sua porta de entrada na via glicolitica faz-se a nível intermédio e não está dependente dos transportadores GLUT.
      Não tenho a certeza se esta é a explicação.sei também que alguns estudos não tem demonstrado beneficio na sua utilização.

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    2. Obrigado pela pronta resposta.

      Abraço
      PJS

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    3. Grande Paulo, o glicerol promove a retenção da água corporal, todavia a sua utlilização está proibida. :)

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